* Artigo publicado na revista Superinteressante (edição 209) em janeiro de 2005:
As portas da percepção (por Thiago Lotufo)
O que tem a ver LSD com cinema? Haxixe com literatura? E heroína com música? Drogas e arte existem desde tempos remotos e a relação entre elas arruinou artistas, mas produziu obras-primas também
RAPIDINHAS:
SANTA TRÍADE
William Burroughs, Jack Kerouac e Allen Ginsberg foram os principais nomes do movimento beat, iniciado na década de 1950. Formados em Columbia (Kerouac e Ginsberg) e Harvard (Burroughs), rejeitaram a concepção de literatura vigente na época e criaram uma nova maneira de escrever
ERVA OU PÓ?
Apartamento de Raul Seixas. Ele, defensor da cocaína, e Tim Maia, amante da maconha, engatam uma discussão acalorada sobre os prós e contras de cada droga. Ânimos exaltados, Tim encerra o papo dizendo que pó "afrouxa o brioco". Por fim, acende mais um, Raul estica mais uma e quase fazem uma música juntos. A história está no livro Noites Tropicais, de Nelson Motta
GURU? EU?
Ex-ator e diretor de teatro, Fauzi Arap ficou conhecido por Navalha na Carne e Perto do Coração Selvagem, ambas peças encenadas na década de 1960. Naquele período, realizou experiências com o LSD, mas abandonou-as quando começaram a vê-lo como um guru
HEROÍNA
Gerenciados por Andy Warhol, Lou Reed e companhia lançaram The Velvet Underground & Nico em 1967. Entre as faixas, "I’m Waiting For The Man" e "Heroin" faziam referências explícitas às drogas – num tempo em que o tema ainda era tabu
PILEQUE
Zeca Pagodinho não seria páreo para Nelson Cavaquinho. O compositor de "Juízo Final" e "A Flor e o Espinho" tomava todas e mais algumas, compunha no bar e, no dia seguinte, só conseguia se lembrar das melodias que gostava de verdade
INFERNO
Coppola viveu seu próprio Vietnã de insanidades e abuso de drogas durante as filmagens de Apocalypse Now. Alguns atores usaram álcool, maconha e ácido para atuar. Martin Sheen, o protgonista, sofreu um infarto. Na trilha, "The End", dos Doors
METEORO
Jean-Michel Basquiat, nascido em Nova York, foi um meteoro no mundo das artes. Sua carreira durou apenas oito anos e começou com grafites nos trens de subúrbio. Mais adiante, suas telas o ajudaram a exorcizar os demônios pessoais – como o vício em heroína, que o matou aos 27 anos
NA MENTE
"Tudo que escrevi até hoje foi sob o efeito de drogas, principalmente haxixe. Só uso drogas psicodélicas, não gosto das outras. Cogumelo eu também tomo bastante. Fumo cerca de 50 gramas de haxixe por semana." Palavras de Alan Moore, criador de Watchmen, à extinta revista General
ROMANTISMO
Rimbaud (a lápis) e Baudelaire, poetas franceses do século 19, foram os expoentes da tradição romântica. Viviam em desacordo com os valores burgueses vigentes. Ambos tiveram experiências com haxixe e as colocaram no papel. Baudelaire em Os Paraísos Artificiais, livro que contém poemas dedicados ao haxixe e ao ópio, e Rimbaud em poemas como "Manhã de Embriaguez"
TROPICAL
Inventor do termo Tropicália, o artista plástico Hélio Oiticica era um transgressor por excelência. Apologistadas drogas, criou em 1973 juntamente com o cineasta Neville D’Almeida a polêmica série Cosmococas, que traz imagens de ícones como Marilyn Monroe modificadas por trilhas de cocaína
REPORTAGEM COMPLETA
Veneza. 3 de agosto, 1956: "Caro Doutor, gostaria de agradecer sua carta. Anexo segue o artigo sobre os efeitos das várias drogas que usei. Não sei se é apropriado para o seu jornal. Não faço objeção quanto a meu nome ser usado. Nenhuma dificuldade com a bebida. Nem desejo de consumir qualquer droga. Saúde geral excelente. Por favor, transmita minhas saudações a Mr. – (nome omitido). Utilizo seu sistema de exercícios diariamente, com excelentes resultados. Estive pensando em escrever um livro sobre narcóticos, se encontrar um colaborador que saiba lidar com a parte técnica."
O texto, intitulado "Carta de um empedernido viciado em drogas perigosas", é do escritor americano William Burroughs e foi endereçado a John Dent, médico britânico pesquisador do vício em drogas, que a publicou no British Journal of Addiction. Na carta, Burroughs, que passava por um período de desintoxicação, descreve de maneira minuciosa suas experiências com dezenas de drogas de diferentes classes: opiáceos (morfina, ópio, heroína), estimulantes (anfetamina, cocaína, bezedrina), cannabis (maconha, haxixe), alucinógenos (mescalina, ayuahuasca) e álcool, entre outras.
As descrições foram incluídas como um apêndice ao tal livro sobre narcóticos que ele acabou escrevendo. Naked Lunch ou Almoço Nu, traduzido para o português, foi publicado em 1959. Delirante, caótica e autobiográfica, a obra, conseqüência de mais uma das recaídas do autor, foi repudiada pela crítica. Seu valor só foi reconhecido anos depois, e até hoje é tida como um dos marcos da história das letras. Mais: Almoço Nu, ao lado de On the Road (1957), de Jack Kerouac, e Uivo (1956), de Allen Ginsberg, converteu-se num clássico da literatura beatnik – e da literatura sobre (ou sob o efeito de) drogas também.
Essa relação entre drogas, criação e escritores e outros artistas, como pintores, músicos e atores, não foi inaugurada por Burroughs e sua turma. Registros de 50 mil anos atrás indicam que os neandertais já usavam uma erva estimulante com propriedades semelhantes às da efedrina e desenhos feitos em cavernas no período Paleolítico sugerem que os artistas conheciam alguns alucinógenos. Na Odisséia (cerca de 8 a.C.), Homero faz referências a uma bebida, oferecida por Helena a Telêmaco, capaz de aliviar a dor, e a uma planta (lótus) que seduz alguns marinheiros de Odisseu. O primeiro livro realmente dedicado ao tema é de 1821: Confissões de um Comedor de Ópio, escrito pelo inglês Thomas De Quincey.
Assim, por um lado, os beats (o termo foi usado pela primeira vez em 1948 por Kerouac e pretendia transmitir a idéia de "beatitude") não foram os primeiros a usar drogas e a escrever sobre elas. Por outro, não foram também os últimos. Álcool, maconha, heroína, ácido lisérgico (LSD) e substâncias afins sempre embalaram intimamente a criação artística (não toda, obviamente) e negar essa relação é tão ingênuo quanto ainda acreditar que o Sol gira ao redor da Terra – e não o contrário.
A lista de artistas e intelectuais que produziram ou produzem de mãos dadas com as drogas é gigante. Na música, os exemplos vão de Charlie Parker a Kurt Cobain; nas letras, do alcoólatra Lima Barreto e o "maldito" Leminski ao jornalista doidão Hunter Thompson; no teatro, de Antonin Artaud (viciado em ópio) a Fauzi Arap; no cinema, de Easy Rider a Zé do Caixão (sim, ele fez um filme chamado O Despertar da Besta, em que um psiquiatra injeta LSD em viciados para estudar os efeitos do tóxico diante de imagens do próprio Zé do Caixão); e, finalmente, nas artes plásticas, de Van Gogh (viciado em absinto) a Hélio Oiticica.
O importante – longe da apologia ou da condenação – é mostrar como essa união se relaciona com o desenvolvimento das artes e como ela operou transformações, boas ou ruins. Há bad trips e overdoses nesse casamento de risco? Sem dúvida. Há obras e histórias geniais decorrentes dele? Sem dúvida também.
"Para determinados artistas, as drogas serviram para aguçar a sensibilidade", diz Jorge Coli, professor de história da arte da Unicamp. "Mas elas não desencadeiam a criação se não houver o espírito criador." Jean-Arthur Rimbaud, poeta francês do século 19 e autor dos clássicos Uma Temporada no Inferno e Iluminações, acreditava no "desregramento dos sentidos" como meio de criação. "O poeta se faz vidente por um longo, imenso e racional desregramento de todos os sentidos", afirmava ele. O objetivo do desregramento era "reter a quintessência" das coisas. E, de acordo com Rimbaud, o haxixe, o ópio e o absinto eram bons elementos para atingi-lo.
Os beatniks, por sua vez, queriam ser um estilo de vida. "Antes da aparição dos beats não havia, nos jovens da época, qualquer relação entre seus mundos e suas mentes", afirma o jornalista Bruce Cook em seu livro The Beat Generation ("A Geração Beat", sem tradução para o português). A época, vale lembrar, era a década de 1950. "Em 1954, os Estados Unidos viviam o apogeu da Guerra Fria, acabando de sair da Guerra da Coréia e em pleno período do macarthismo, de perseguições a intelectuais militantes ou suspeitos de pertencerem a organizações de esquerda", afirmou Cláudio Willer na introdução da versão brasileira de Uivo, Kaddish e Outros Poemas, de Allen Ginsberg.
"Eu acho que a marijuana é um instrumento político. É um estimulante catalítico para toda consciência ligeiramente ampliada", afirmou Allen numa entrevista de 1960. Na mesma época, num depoimento para Gregory Corso, concluiu que "o negócio seria fornecer mescalina (alucinógeno extraído de um cacto) ao Kremlin e à Casa Branca, trancar os mandatários pelados num estúdio de televisão durante um mês e obrigá-los a ficarem falando em público até descobrirem o significado dos seus atos". "É assim que a televisão poderia ser adaptada ao uso humano."
Allen e companhia estavam, obviamente, contra a ordem do dia. E, contra eles, estava o establishment – de políticos a críticos. Uivo, quando publicado, em 1956, levou à cadeia seu editor, Lawrence Ferlinghetti, por venda de material obsceno. Liberado mais tarde, o livro se converteu num dos mais influentes da poesia americana do século 20. Além disso, abriu caminho para que On the Road (1957), escrito em três semanas e com 186 mil palavras num rolo de papel de telex, ficasse cinco semanas na lista dos livros mais vendidos. Só para lembrar: Kerouac precisou de muita benzedrina (estimulante), cigarro e café para pôr no papel suas frenéticas viagens pelos Estados Unidos e México embaladas pelo jazz.
À época, o bebop, uma variação "acelerada" do jazz, estava em voga. E Charlie Parker era um de seus representantes supremos. Bird, como o chamavam, tocava seu saxofone movido a vinho barato e muita heroína, a droga da moda e socialmente aceitável entre as pessoas ligadas à música. "Achava-se que usando heroína era possível tocar como Charlie Parker", disse Frank Morgan, um dos companheiros de Charlie, num documentário sobre o saxofonista. O uso da droga ajudou-o a gravar discos sensacionais como Jazz at Massey Holl, mas também levou-o a uma morte prematura, aos 34 anos. Para se ter uma idéia do estrago que a droga lhe fez, o médico responsável pela autópsia – sem saber a idade real do músico – estimou que o corpo era de alguém entre 55 e 60 anos de idade. "Música é a sua própria experiência. Pensamentos, sabedoria. Se você não vive isso, não transmitirá com o seu instrumento", afirmou Charlie certa vez.
No jazz, a heroína correu solta nas veias de muitos outros artistas. Entre eles, Billie Holiday, Chet Baker e Miles Davis, três nomes sagrados do gênero. Miles, dizem, teria criado o cool jazz ouvindo bebop e sendo auxiliado por algumas seringas. Mas nem sempre foi assim. No início do século 20, em Nova Orleans, o jazz era associado à maconha. Na década de 30, diversas músicas sobre o tema já haviam sido compostas e até Louis Armstrong falara bem a respeito da erva. Milton Mezzrow, um jazzista judeu de Nova York, fez o mesmo na década de 40 e afirmou em sua autobiografia, Really the Blues (algo como "O Verdadeiro Blues", sem tradução para o português), que fumar maconha o ajudava a tocar melhor.
Anos depois, porém, a heroína é que passaria a dominar a cena. E seu uso se disseminou até o rock‘n’roll dos tempos atuais (Pete Doherty, vocalista da banda inglesa Libertines, já foi internado e preso por causa de sua dependência da droga). Nesse gênero musical, pouquíssimos chegaram ao nível de Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones. Na década de 70, por exemplo, por conta do vício em heroína, ele chegou até a ter de "trocar de sangue" numa clínica suíça. "Trocar" é exagero. Na verdade, seu sangue foi filtrado numa máquina para que substâncias tóxicas fossem retiradas. Apesar da dependência de Keith (Jagger também não escapou), os Stones produziram alguns de seus melhores álbuns entre 1969 e 1971. Let It Bleed, de 69, pode ser considerado o primeiro "disco de heroína" do grupo. De acordo com a crítica inglesa, "Gimme Shelter", uma das faixas, teria sido composta por Keith numa "temporada" de algumas horas no banheiro de casa com a guitarra e um saquinho de heroína. Exile on Main Street, gravado em 1971 ( lançado em 72) e considerado a obra-prima dos Rolling Stones, é pico do começo ao fim. "Eu estava pegando pesado com heroína", afirmou Keith Richards no ano seguinte.
"A heroína alimenta o simbolismo de se viver no limite, do tipo ‘até onde eu consigo ir?’", afirmou numa entrevista à revista britânica Q Harry Shapiro, autor de Waiting For the Man: The Story of Drugs and Popular Music (algo como "Esperando pelo Homem: A História das Drogas e a Música Popular", sem tradução para o português). Eric Clapton, Steven Tyler, Lou Reed e Iggy Pop chafurdaram nela, mas sobreviveram. Kurt Cobain e Janis Joplin, entre outros, foram além do limite.
Paul McCartney admitiu ter experimentado heroína também, mas sem saber do que se tratava. "Não me dei conta do que havia usado. Me deram algo para fumar e eu fumei", afirmou em 2004 à revista britânica Uncut. Na publicação, Paul relembrou quando ficou preso por dez dias no Japão, em 1980, por estar com 225 gramas de maconha na bagagem. "Estava prestes a ir para o Japão e não sabia se conseguiria fumar alguma coisa por lá", disse. "O negócio era bom demais para jogar na privada, então eu resolvi levar comigo."
Quanto aos Beatles, é inegável que a maconha e o ácido lisérgico (LSD) foram fundamentais na criação de determinados trabalhos, especialmente em Revolver, Rubber Soul e Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Ringo Starr conta na série de documentário Beatles Anthology que no período de Rubber Soul a atitude do grupo mudou. "Acho que a maconha teve muita influência nas nossas mudanças", afirmou. Na mesma série, Paul disse: "Mudamos de ‘She Loves You’ para canções mais surrealistas". Já a influência do LSD foi escancarada em "Lucy in the Sky with Diamonds" e "Day Tripper", além da história de que o produtor George Martin teve de levar Lennon para tomar um ar no telhado da gravadora por causa de uma viagem de ácido. Os Beatles, porém, como afirmou Ringo, não conseguiam fazer músicas se estivessem alterados demais. "Sempre que abusávamos a música que fazíamos era uma bosta total", disse ele.
O LSD foi o combustível fundamental para os anos 60, época do amor livre, da Guerra do Vietnã e dos festivais. Na terceira edição do festival da ilha de Wight, em 1970, na Inglaterra, drogas e música proporcionaram algo inusitado: um show de Gilberto Gil, Gal e Caetano para cerca de 200 mil pessoas. Os três e mais umas 20 pessoas tocaram no mesmo palco onde dias depois (foram cinco dias no total) estiveram Jimi Hendrix, The Doors e The Who.
A apresentação aconteceu graças a Cláudio Prado, membro do grupo que gravou uma jam session ocorrida à base de LSD e maconha na barraca do hoje ministro Gilberto Gil. Ele levou a fita até a organização do festival, que autorizou os brasileiros a tocarem no segundo dia – dedicado a artistas pouco conhecidos. O show durou cerca de 40 minutos. No repertório, "London, London", "Aquele Abraço" e muito improviso. "O ácido nos deixou entusiasmados", diz o escritor Antonio Bivar, que foi ao palco tocar reco-reco. Co-tradutor da edição brasileira de On the Road, ele contou a experiência da ilha de Wight em seu livro Verdes Vales do Fim do Mundo. "Caetano e Gal não haviam tomado LSD."
Nesse caso, o alucinógeno ajudou a catalisar um momento da expressão artística. Mas nem sempre nem com todo mundo é assim, do tipo experimente alguma droga e saia escrevendo poemas de qualidade, pintando belos quadros e fazendo boa música por aí. Veja o que o escritor Aldous Huxley, autor de As Portas da Percepção (em que relata seu uso da mescalina), de 1954, e protagonista de experiências com LSD, disse numa entrevista à Paris Review em 1960. Perguntaram se ele via relação entre o processo criativo e o uso de drogas como o ácido lisérgico. Trecho da resposta: "Para a maioria das pessoas é uma experiência significativa e eu suponho que de um modo indireto pode ajudar no processo criativo. Mas não acredito que alguém possa se sentar e dizer ‘Eu quero escrever um poema brilhante e por isso vou tomar ácido lisérgico’. Não acho, de maneira alguma, que você vai atingir o resultado esperado."
Fonte : Superinteressante
As portas da percepção
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Para que serve a música?
Pesquisando aleatoriamente nos arquivos da Revista Superinteressante, acabei me deparando com vários artigos (escondidos) muito bons sobre música! Vou postar alguns desses artigos que eu achei aqui, a começar com um artigo chamado "Para que serve a música?", publicado na edição 203, em Agosto de 2004.
Para que serve a música?
Pode ser difícil acreditar que uma melodia tenha qualquer utilidade quando você escuta seu vizinho desafinado. Mas acredite: novas teorias afirmam que a música mudou o ritmo da evolução humana
Antes de ler esta reportagem, tente lembrar quantas vezes na última semana você ouviu música. Não só as baladas do rádio, mas também as pílulas de sonolência na sala de espera do dentista. Ou o canto de alguém a seu lado no ônibus. É muito provável que você não tenha passado um único de seus últimos dias sem escutar alguns acordes. Às vezes nem nos damos conta, mas a música nos cerca por todos os lados. Há música para dançar, namorar, estudar. Música para enfrentar o trânsito, trabalhar, fazer ginástica e para relaxar no final do dia. Música para rezar, curar e memorizar. Para comunicar as emoções que não conseguimos transmitir só por meio de palavras. E música simplesmente para ouvir e curtir. Dos aborígines australianos aos esquimós no Alasca, todas as sociedades do mundo a têm em sua cultura – até porque, você pode não saber, mas a música está conosco desde quando ainda nem éramos seres humanos propriamente ditos.
Com base no achado de flautas de ossos feitas há 53 mil anos pelos neandertais, pesquisadores estimam que a atividade musical deve ter pelo menos 200 mil anos – contra 100 mil anos de vida do Homo sapiens. É bacana imaginar que talvez esses hominídeos já buscassem formas de diversão. Mas, pensando bem, que sentido pode fazer a música em um período no qual nossos ancestrais estavam muito mais preocupados em não ser devorados por um leão do que com o próprio prazer? E mesmo na sociedade contemporânea, se nos cercamos de música com tanto afinco, é de supor que, assim como a fala, ela sirva para alguma coisa, tenha alguma função específica para a humanidade. Mas qual?
A pergunta atormenta filósofos e cientistas há séculos e, infelizmente, ainda não tem resposta conclusiva. Já se imaginou, por exemplo, que a música é responsável por reger a harmonia entre os homens e os astros que mantém a ordem do Universo – uma idéia formulada por Pitágoras no século 5 a.C. Hoje, boa parte da pesquisa científica por explicações tem uma perspectiva evolutiva e biológica. Muitos ainda a vêem apenas como produto cultural voltado ao prazer, sem nenhuma importância para o desenvolvimento humano. "Uma primorosa iguaria que estimula as nossas outras faculdades mentais", defende o psicólogo Steven Pinker em seu livro Como a Mente Funciona. Apesar de meramente especulativas, teorias evolutivas são as que parecem estar mais próximas de nos responder as perguntas acima. Então, vamos a elas.
INICIAÇÃO MUSICAL
A primeira hipótese sobre a função da música foi levantada por Charles Darwin. O biólogo que popularizou o conceito de evolução das espécies dizia que a música é determinante para a escolha de parceiros sexuais, uma vez que as fêmeas seriam atraídas pelos melhores cantores. "O homem que canta bem, é afinado, expõe melhor seus sentimentos. Parece mais sensível, mais inteligente. E isso agrada as mulheres", afirma o jornalista e músico brasileiro Paulo Estêvão Andrade, que está escrevendo um livro sobre pesquisas que relacionam música e cérebro. Isso soa bastante familiar: qual mulher nunca teve uma quedinha pelos músicos – dos modernosos DJs aos eternos tocadores de violão em rodas de amigos? "A música sempre está ligada ao comportamento sexual, desde os rituais de acasalamento, até as conquistas dos jovens de hoje em danceterias ou shows", afirma o neurocientista americano Mark Tramo, que coordena o Instituto para Ciências da Música e do Cérebro, da Universidade Harvard.
Muitos cientistas não se convencem de que essa teoria explica, sozinha, toda a importância da música para diferentes sociedades do planeta. Uma das hipóteses mais aceitas hoje é a de que a música teve função primordial na formação e sobrevivência dos grupos e na amenização de conflitos. Se ela existe e persiste, é porque provoca respostas que agem como um forte fator de coesão social. "Precisávamos caçar e nos defender juntos e para isso tivemos de nos organizar. A música abriu o caminho para nos comunicarmos e dividir nossas emoções", explica Mark.
Mas como era essa música feita por nossos antepassados? Provavelmente ela surgiu como uma manifestação das emoções. Uma sofisticação, por exemplo, do choro e da risada. Principalmente, como uma forma de chamar a atenção do grupo e motivá-lo para a realização de uma atividade que precisava ser feita em conjunto. É possível imaginar que um indivíduo batesse palmas, ou pedras ou gravetos, mas o mais plausível é que o primeiro instrumento musical tenha sido mesmo a voz humana. O cientista cognitivo William Benzon, autor do livro Beethoven’s Anvil ("A Bigorna de Beethoven", sem tradução para o português) especula que tudo começou muito tempo antes, com a imitação dos sons de outros animais.
Benzon sugere que o Homo erectus, ao se espalhar pelo planeta a partir do leste da África, há 2 milhões de anos, teve de procurar novas formas de se proteger enquanto atravessava as estepes, já que não contava mais com o abrigo das árvores das florestas. Entre muitas outras artimanhas, esses hominídeos teriam começado a emitir chamados ameaçadores. "Se rosnar e rugir como um leão, você não só vai dispersar as presas naturais dele como também outras espécies que estejam por perto", afirma. Essa imitação teria proporcionado o início do controle do aparelho vocal, primeiro passo para a origem da música e da linguagem. A reprodução dos sons dos animais e da natureza, como o vento ou os trovões, deve ter evoluído até que as necessidades passaram a ser outras, e a imitação deu espaço para a criação. Daí a perceber como o som do "uh-uh-uh" servia para instigar a guerra, por exemplo, não deve ter demorado. Tudo isso sem que fosse necessário dizer uma palavra.
Chegamos então a um ponto delicado: a música surgiu antes ou depois da linguagem falada? Essa é outra pergunta que divide cientistas. As duas aptidões são universais, mas a linguagem obviamente parece muito mais útil que a música, o que leva a crer que ela tenha se desenvolvido primeiro, "com a música ramificando-se da linguagem apenas após ter sido feita boa parte do trabalho evolucionário pesado", como escreveu o pianista Robert Jourdain em seu livro Música, Cérebro e Êxtase.
Acreditar que primeiro desenvolvemos a fala e depois apuramos a técnica musical pode parecer um caminho lógico. Mas a verdade é que não é exatamente assim que funciona nosso ciclo de aprendizado. Antes de os bebês saberem falar, eles já balbuciam de uma forma muito musical. "É comum vê-los inventando musiquinhas mesmo desconhecendo a reprodução dos sons convencionais", diz a psicóloga Sandra Trehub, da Universidade de Toronto, que pesquisou a percepção musical em crianças. Isso pode ser um indicativo de como nossos ancestrais se manifestavam antes de desenvolver a linguagem. "Talvez as cordas vocais e bocas deles ainda não estivessem prontas para falar, mas eles tinham ritmo e podiam grunhir e fazer sons. Isso poderia ser tomado como música, ou ao menos como sua raiz", afirma Mark Tramo.
CANTAR PARA QUÊ?
Mas se o uso da música como ferramenta de comunicação foi ultrapassado pela linguagem, por que ela continuou existindo? Para essa pergunta nem precisamos da ajuda dos cientistas. Todo mundo que já se apaixonou e dedicou uma música ao ser amado pode responder sem medo. É porque ela assumiu um papel que a fala sozinha não deu conta: transmitir emoções. E essa característica nós podemos notar independentemente das preferências pessoais de cada um. Para provar isso o psicólogo John Sloboda, da Universidade de Keele, na Inglaterra, uma das maiores autoridades em emoção musical do mundo, fez um teste interessante. Ele colocou 83 voltuntários para ouvir uma série de peças musicais e depois pediu que eles descrevessem qual sensação tiveram. Cerca de 90% reportaram "frio na espinha" e "nó na garganta". Alguns chegaram a chorar. Ao checar quais trechos haviam provocado essas reações, Sloboda constatou que eram basicamente os mesmos.
Alguns acordes parecerem tristes e outros felizes pode ter também uma explicação evolutiva. Essa interpretação é relacionada com a forma como o nosso cérebro processa sons amistosos e ameaçadores desde a época em que éramos presas fáceis. "Pense num cão. Quando ele quer demostrar carinho faz um som mais agudo, mais tonal. Quando está agressivo é mais grave e ruidoso", diz Paulo Estêvão Andrade. Assim, dependendo da combinação de tons, a música é capaz de provocar uma sensação que vai do prazeroso ao desagradável. Quanto mais dissonantes forem os intervalos das notas musicais, maior será a sensação de tensão ou medo. Isso é fácil de ser identificado se ouvirmos as trilhas sonoras de filmes de terror ou suspense, como a clássica de Psicose, de Alfred Hitchcock.
Essa função musical de comunicar sentimentos faz sentido não só hoje, mas em sua própria origem. Se os animais também modificam a expressão vocal para demonstrar um sinal de pacto, como o ganido de submissão de um cachorro, "parece inevitável que as expressões formais de emoção sejam aos poucos fundidas em algo semelhante à melodia", escreve Jourdain. "É exercitando ou aplacando emoções que estabelecemos relação com outros seres humanos." E a música corporifica isso.
Para quem começou a reportagem falando que não havia utilidade aparente para a música, até que já alcançamos uma boa marca. Mas alguns pesquisadores ainda vão além. Para Ian Cross, diretor do Centro para Música e Ciência da Universidade de Cambridge, a música também é capaz de ativar capacidades como a memória e talvez até mesmo a inteligência. O efeito sobre a memória é facilmente detectado no dia-a-dia. Pegue, por exemplo, a época de eleições. Quem acompanhou a campanha para a Presidência em 1989 deve se lembrar até hoje de muitas das musiquinhas dos candidatos, como os clássicos "Lula-lá" e "Ey, ey, Eymael". Para fixar alguma informação, nada melhor do que musicá-la – veja as técnicas de alunos de cursinho para decorar fórmulas. Essa faceta da música parece ter sido útil para a transmissão da cultura na pré-história, quando ainda não dominávamos a escrita.
Já o impacto sobre a inteligência é mais difícil de constatar. A tentativa mais famosa ficou conhecida como "efeito Mozart". Quando foi proposta, em 1993, levou a um surto de compras de discos do compositor, mas até hoje é polêmica. Na ocasião o neurocientista Fran Rauscher, da Universidade de Wisconsin, e o neurologista Gordon Shaw, da Universidade da Califórnia, mostraram que crianças apresentavam desempenho matemático melhor após ouvir sonatas do compositor austríaco. O efeito da simples audição, no entanto, nunca foi comprovado. O que parece fazer mais sentido é quanto a possíveis benefícios relacionados ao aprendizado de música, que induz ao prolongamento dos neurônios e aumento das conexões entre eles. Os cérebros dos músicos, inclusive, acabam apresentando uma massa maior de neurônios, o que sugere maior inteligência.
CURA PELO SOM
De todas as funções abordadas até agora, nenhuma é tão misteriosa quanto o possível uso medicinal da música, principalmente para pacientes com mal de Parkinson ou Alzheimer e vítimas de derrame que só melhoram escutando música. Histórias complexas são relatadas pelo neurologista Oliver Sacks em livros como Tempo de Despertar, que foi adaptado para o cinema. É exemplar o caso da paciente Frances D., que sofria de Parkinson e durante as crises ficava paralisada, rangendo os dentes e sofrendo muito.
Sacks descobriu que a única coisa que acalmava os sintomas era a música. Quando Frances ouvia o som, desapareciam completamente todos os fenômenos "obstrutivo-explosivos" e ela ficava feliz. "A senhora D., repentinamente livre de seus automatismos, ‘regia’ sorridente a música ou se levantava e dançava ao seu som", escreveu Sacks. O médico percebeu o mesmo efeito em vários outros pacientes. Em alguns casos, só de pensar em música eles ficavam melhores.
Mas, infelizmente, o remédio é temporário, proporcionando uma espécie de equilíbrio momentâneo para o cérebro doente. "A música vence os sintomas ao transportar o cérebro para um nível de integração acima do normal. Ela estabelece fluxo no cérebro, enquanto, ao mesmo tempo, estimula e coordena as atividades cerebrais, colocando suas antecipações na marcha correta", diz Robert Jourdain. Para o pianista – que busca responder em seu livro por que gostamos tanto de música –, a mágica que ocorre com os pacientes é a mesma que ocorre com todos nós. "A música nos tira de hábitos mentais congelados e faz a mente se movimentar como habitualmente não é capaz. Quando somos envolvidos por música bem escrita, temos entendimentos que superam os da nossa existência. E quando o som pára, voltamos para nossas cadeiras de rodas mentais."
Nova Guiné
Visitantes homenageiam o povo kaluli cantando e dançando. A platéia se comove até chorar. Quando a dor se torna excessiva, o público, aborrecido por ser obrigado a suportar tanto sofrimento, pega as tochas de iluminação e queima os músicos nos braços e ombros. Os artistas não fogem, nem reclamam da dor. Ao amanhecer, apresentam queimaduras de segundo e terceiro graus orgulhosos da proeza. E voltam para casa exibindo as marcas como uma espécie de aplauso perpétuo.
Congo (ex-Zaire)
Na tribo bambala, os advogados têm de cantar seus argumentos. De um lado o queixoso entoa: "Sou como o cão que fica diante da porta até conseguir um osso". O acusado cantarola: "Ninguém segue ao mesmo tempo por dois caminhos. Você disse isso e aquilo. Uma das duas coisas deve estar errada. Por isso eu o ataco". As famílias dos envolvidos fazem coro, literalmente, à cantoria dos advogados. O veredicto dos anciãos não perde o ritmo e é transmitido a toda a aldeia com o soar de tambores.
Austrália
Os aborígines descrevem a terra para forasteiros com a ajuda de uma espécie de mapa musical. A voz se eleva e cai para representar uma montanha, se achata quando a paisagem fica plana. É preciso extrema sutileza, porque os viajantes podem morrer no deserto se uma música os desorientar. Por isso, as canções descrevem os menores detalhes da paisagem e do relevo – até mesmo o ruído dos passos em cada tipo diferente de solo.
Floresta Amazônica
Durante seis meses, as mulheres da tribo mekranoti se reúnem ao amanhecer e assim que a noite cai para cantar. O ritual é parte da cerimônia bijok, que escolhe o nome das meninas. Homens também têm atribuições musicais. Antes do amanhecer, se reúnem no centro da aldeia para cantar por duas horas. O objetivo é proteger a vila de ataques inimigos. Uma das maiores diversões dos cantores é perseguir os homens que ainda estão dormindo, com insultos e gritos.
Na livraria:
A Origem do Homem e a Seleção Sexual - Charles Darwin, Hemus, 2002
Beethoven’s Anvil - William Benzon, Basic Books, 2001
Música, Cérebro e Êxtase - Robert Jourdain, Objetiva, 1998
Fonte : Superinteressante
Tutorial de Áudio e Acústica
Clique aqui para ler o excelente tutorial de áudio e acústica musical escrito por Fernando Iazzetta! Muito bom!
Compositor simula música do homem de Neandertal
Uma exposição em um museu no País de Gales traz uma amostra de como poderia ter sido a música do homem de Neandertal, em uma composição criada e gravada por um músico e compositor galês.
A gravação é resultado de uma extensa pesquisa feita pelo compositor Simon Thorne, incumbido pelo Museu Nacional do País de Gales, na Grã-Bretanha, de tentar recriar sons da espécie que existiu há cerca de 30 mil anos paralelamente com os primeiros Homo sapiens.
A trilha sonora será usada como pano de fundo para algumas das peças em exposição no museu. Mas, por causa do interesse gerado pelo trabalho, o músico saíra em turnê, ainda este ano.
Thorne afirma que este foi "provavelmente" o trabalho "mais incomum" que já realizou.
Ouça aqui a música do homem de Neandertal.
Apesar de o homem de Neandertal ter reputação de ser pouco inteligente, pesquisas recentes sugerem que ele era muito mais inovador e expedito do que se pensava.
"Levando-se em conta que o cérebro do homem de Neandertal tinha o mesmo tamanho que o nosso, e que grande parte do cérebro é usada para a linguagem, então podemos concluir que eles provavelmente usavam alguma linguagem", disse Thorne.
"Toda cultura tem linguagem e música, então, podemos provavelmente concluir que eles também tinham música."
"Ilustração"
A composição de 75 minutos de duração foi encomendada pelo Museu Nacional do País de Gales com o objetivo de servir como "ilustração musical" na sessão paleolítica da exposição Origens do País de Gales.
A exposição inclui artefatos como um machado e dentes encontrados em Pontnewydd em Denbigshire e, como parte de sua pesquisa, Thorne visitou a caverna onde eles forem encontrados.
O compositor afirma ser o primeiro a admitir que é impossível saber exatamente como seria a música composta pelo Homem de Neandertal.
"É uma noção ridícula sugerir que poderíamos saber o papel preciso da música na vida dos Homens de Neandertal, mas imaginá-la tem sido uma experiência fascinante."
O compositor pesquisou a época extensivamente e encontrou inspiração em dois livros: "The singing Neanderthal", do arqueólogo Steven Mithens (O Neanderthal cantor, em tradução livre), e "The Mind in the Cave" (A mente na caverna, em tradução livre), de David Lewis Williams.
Segundo Mithens - que participará de uma palestra com Thorne sobre o papel que a música pode ter tido na vida dos Homens de Neandertal - o compositor "está tentando criar a sensação de estar presente naquela época".
Além da música, um filme encomendado para a exposição vai transportar o público para uma caverna usada por Homens de Neandertal.
O músico depois seguirá em turnê, com quatro cantores, instrumentos de pedra e um projeto de vídeo para várias cidades britânicas no fim de março.
Fonte : BBC Brasil
Exercícios - Christiano Rocha
Aqui vão algumas lições publicadas por Christiano Rocha na Revista Modern Drummer e disponibilizadas no seu site oficial.
* Ritmos Lineares 1
* Ritmos Lineares 2
* Gangorra
* Modulação Métrica 1
* Modulação Métrica 2
* Modulação Métrica 3
* Ritmos Cruzados 1
* Ritmos Cruzados 2
* Ritmos Cruzados 3
* Ritmos Cruzados 4
* Você é Você ?
OBS : Lembrando que todas as lições podem ser baixadas diretamente (e mais fácilmente) no site do Christiano Rocha!
Exercícios - Giba Favery
Vou postar aqui no blog algumas lições escritas pelo batera Giba Favery e disponibilizadas no seu site oficial. Aproveitem!
* Bossa Nova
* Exercícios em Diddles
* Exercícios para dedos
* Exercícios para dedos - Lição 1
* Exercícios para dedos - Lição 2
* Exercícios para dedos - Lição 3
* Exercícios para dedos - Lição 4
* Explorando Singles Double
* Jazz Basico - Lição 1
* Jazz Basico - Lição 2
* Jazz Basico - Lição 3
* Jazz Basico - Lição 4
* Rulo de 5 e 6 Toques.
Exercícios - Alexandre Cunha - Parte 2
Exercícios publicados por Alexandre Cunha na Revista Modern Drummer:
OBS: No site oficial do Alexandre Cunha é possível ouvir os exercícios!!!
Exercícios - Alexandre Cunha - Parte 1
Aqui vão alguns exercícios publicados por Alexandre Cunha na Revista Batera & Percussão:
Fazendo o estudo render
Vou postar aqui no blog um artigo que eu achei no site oficial do batera Alexandre Cunha dando ótimas dicas sobre como estudar. Muito bom!
"Caros amigos Bateras e Percussas!! Hoje vou dar umas dicas para ajudar em seus estudos. Vamos lá !!
Muitas vezes nós nos perguntamos porque nosso estudo não está rendendo. Como professor, vejo como os alunos estudam errado e por isso gostaria de discutir alguns pontos para que seus estudo possam render mais !!
1. Um dos erros mais graves é a ansiedade e a afobação de querer tocar tudo muito rápido e assim, por mais que se repita o exercício, ele continua “sujo”. O problema está que você ainda não achou a velocidade limite entre conseguir e não conseguir fazer (ou sujar) e esse tempo está geralmente muito abaixo do que você está treinando e por isso você nunca consegue. É como se um levantador de peso tentasse todos os dias erguer 200 Kg sendo que ele não ergue 120 kg. Aí fica impossível ! Por isso tenha sempre um metrônomo e ache sua velocidade limite e lembre-se que só se chega ao alto da escada de degrau em degrau!
2. Outro erro é a diferença em “tirar” (conseguir fazer) dominar completamente um exercício. Muitos bateristas conseguem a independência necessária e acham que já está legal. Só que isso só vale se você tocar de 1ª com firmeza e swing. Por isso: repetição , repetição e mais repetição até o exercício ter esta consistência. Faça um teste: chame seus amigos bateras , seu professor ou alguém que você respeite e que toque. Toque pra ele(s). Tudo que sair de 1ª é o que você sabe !! O que não sair ou embolar é o que você precisa estudar mais !!
3. Estude o exercício até o fim. Muitas vezes os músicos estudam algo e pelo grau de dificuldade deixam de lado e não chegam até a perfeição. Daí, todo este tempo que você estudou foi perdido. Então acredite naquilo que você faz e vá até o fim. Nada melhor do que você realizar algo que achava impossível acontecer !!
4. Você pode estar sempre estudando pois é seu cérebro que manda na independência e combinação da figura, por isso , mesmo no ônibus, no escritório ou onde quer que seja, você pode mentalizar o exercício e fazê-lo.
5. Um último ponto é : Quanto tempo treinar ?? E a resposta óbvia é o máximo que puder !! Mas se você treina só meia hora por dia não se desanime e não queira tocar 10 exercícios neste tempo. Toque um só até atingir a perfeição pois meia hora é bastante tempo para um único exercício. E lembre-se !! Melhor estudar meia hora todos os dias do que 08 horas em apenas um dia durante uma semana !!"
Alexandre Cunha
Carreira Musical
"Geralmente, o músico deseja fazer apenas música, mas aquele que decide ser um artista encontra obstáculos que tornam extremamente necessário o uso da administração e marketing, seja por meio da contratação de especialistas ou, pelo menos no início de carreira, pelo seu próprio trabalho como estrategista. Este blog foi criado para discutir idéias e caminhos que podem ajudá-lo a fazer da sua música um negócio"
carreiramusical.blogspot.com
Muito bom! Várias dicas interessantes!
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